Assim é que o homem faz parte da estrela

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

segunda-feira, 29 de outubro de 2018
A alma, ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluido envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia tomar cor. Há seres cuja alma é uma contínua exalação: arrastam-na como um cometa ao oiro esparralhado da cauda - imensa, dorida, frenética. Há-os cuja alma é de uma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo. Daí também simpatias e antipatias súbitas quando duas almas se tocam, mesmo antes da matéria comunicar. O amor não é senão a impregnação desses fluidos, formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa névoa sensível. Assim é que o homem faz parte da estrela e a estrela de Deus.

Raul Brandão

Ou-Ou

domingo, 21 de outubro de 2018

domingo, 21 de outubro de 2018
''ou a vida é um acto religioso - ou um acto estúpido e inútil.''
Raul Brandão

''E Verde é a árvore de ouro da Vida''

terça-feira, 2 de outubro de 2018

terça-feira, 2 de outubro de 2018
''A tua voz edifica-me sílaba a sílaba
e é árvore desde as raízes aos ramos
Cantas em mim a primavera breve tempo
e depois os pássaros irão
povoar de ti novas solidões‘’
Ruy Belo, Compreensão da Árvore


‘‘A Árvore da Vida estende-se do alto para baixo e o sol ilumina-a totalmente.’’
Zohar


''O inteiro universo está encapsulado em mim, como uma árvore numa semente.''
Satish Kumar


‘‘Tem um carácter de centro, de tal forma que a Árvore do Mundo é um sinónimo de Eixo do Mundo’’
Jean Chevalier & Alain Gheerbrandt, Dicionário dos Símbolos


‘‘O Homem foi suprido com comida contra a fome, com bebida contra a sede e com a árvore da vida contra as devastações da velha idade’’
Santo Agostinho, Cidade de Deus


‘‘As árvores foram os meus professores, e pela sua melodia, eu aprendi o amor entre as flores’’
Friedrich Hölderlin, Poemas e Fragmentos Seleccionados


''Cinzenta, meu amigo, é cada teoria / E Verde é a árvore de ouro da Vida''
Goethe, Fausto


‘‘E o Senhor Deus fez brotar da terra todo o tipo de árvores agradáveis à vista, e boas para comida. E no meio do jardim estavam a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.’’
Génesis 2:9


''Esgalhada e seca, os seus frutos eram cadáveres ou corvos. Ninguém se lembrava que tivesse dado folhas nem flor, a árvore enorme que havia séculos servia de forca: ninguém se deitava à sua sombra, e até o sol fugia da árvore estarrecida e hirta que havia séculos servia de forca.’’
Raul Brandão, O Mistério da Árvore


''Caem os homens como frutos podres, de ti, oh, deixa-os perecer, assim voltam de novo às tuas raízes e eu, ó árvore da vida, que eu volte a vicejar contigo e inspire a tua copa com todos os ramos em botão! pacifica e intimamente, pois todos nós brotamos da mesma semente dourada! As veias saem do coração e a ele voltam, e tudo é uma única vida, eterna e ardente!''
Friederich Hölderlin


‘‘Está carregada de forças sagradas porque é vertical, porque cresce, porque perde as suas folhas e recupera-as e, por conseguinte, regenera-se : morre e renasce vezes sem conta.’’
Mircea Eliade

Dendrolatria

domingo, 23 de setembro de 2018

domingo, 23 de setembro de 2018
Judi Dench, My Passion For Trees (BBC 2017)

morrem para nascer outra hora

terça-feira, 18 de setembro de 2018

terça-feira, 18 de setembro de 2018
os pavões comeram os brotos de mamoeiro.
uma avó faleceu hoje cedo. como sempre,
estou distante, mas acendo
uma vela no altar, um incenso, e saio a catar
folhas secas em torno da casa. mosquitos me acossam
enquanto eu coço as pernas, pensando
melhor, rastelando
sem muito pensar.
é fim de inverno, as plantas
morrem para nascer outra hora, em outros pés, outros lugares.
rastelo as folhas caídas, sentindo o cheiro da grama
viva por sob tudo. um sagüi se pendura no cajueiro,
mascando o sumo, comendo o fruto que ainda não.
um bem-te-vi pousa perto, as folhas secas eu jogo
por cima da cerca, direto no matagal. todo passado há de adubar,
todo presente há. na ponta de um ramo seco
desponta uma folha verde. o ninho de passarinhos vive.


Good Vibrations (2012)

Importa é saber-se livre.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

segunda-feira, 3 de setembro de 2018
Stig Dagerman
A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer

tentando conservar

sexta-feira, 20 de julho de 2018

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Uma estrofe de TATIANA FAIA (na página 16 de 'Um quarto em Atenas', Edições tinta-da-china, 2018)

Ao menos a árvore

segunda-feira, 16 de julho de 2018

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Lhe cansavam, sim, as coisas sem alma. Ao menos a árvore, dizia ele, tem alma eterna: a própria terra. A gente toca o tronco e sente o sangue da terra circulando em nossas íntimas veias. E ficou, parado, murchas as pálpebras. 
Mia Couto 

propósito

«Todo o desejo
de superação
da vida comum
confere um propósito à vida.»

(Robert Walser, Histórias de Imagens)



''Os meus pecados são veniais, não são mortais''

domingo, 8 de julho de 2018

domingo, 8 de julho de 2018
''...Tento abstrair-me. Repito para mim própria que não me interessa o que os outros pensam de mim. Os meus pecados são veniais, não são mortais, são pecados leves. Fosse eu uma mulher com fé e os meus pecados seriam perdoados com um arrependimento sincero, uma esmola gorda, uma amabilidade forçada, uma oração sentida. O esforço é inglório. Escrevo agora sem liberdade, medindo as consequências de uma confissão mais arrojada, ponderando cada palavrão, cada orgasmo, cada discussão, cada garrafa de vinho bebida sozinha, cada nova categoria do pornhub. Sinto-me espartilhada...'' Ana Cássio Rebelo
The world's greatest sinner, timothy carey

limpa na aparência de novos / Dias.

quinta-feira, 15 de março de 2018

quinta-feira, 15 de março de 2018
CARTA DE ADÃO A EVA, EVOCANDO O MOMENTO ESCULPIDO POR CANTO DA MAYA
Eva,
Deste silêncio te escrevo, mulher,
De mim, da minha mesma humanidade.

Somos corpos da cor da terra,
Das cores do pó onde ainda nenhuma
Criatura rasteja e escrevo-te,
Deste remoto lugar de criação,
Para te dizer o que em ti vejo, mulher,
O que em ti,
Eva, do mesmo pó que eu, contemplo.
Um diante do outro, recurvos,
Sobre as nossas próprias pernas escorados,
Te sinto presente e estremeço. Tenho
As mãos levantadas acolhendo
O teu sorriso ainda liberto
Do sobrevalor da maternidade,
Da vileza da submissão, do torpor
Do recato. Eva, que te vejo
Repetindo a trama para te não
Deixares levar pela cupidez,
Senhora consciente da secura
Provocada pelo excesso da ânsia
E pelo nojo. Te antecipo a remoer
Palavras, a prever a dor de um filho
Morto nos teus braços, Eva. Mulher,
Rendida, como eu, homem, a não
Haver tempo ainda, a não sentir
O peso de estarmos vivos. Serás,
Um dia, dona da tua própria
Submissão, darás do teu seio a quem
Te chamará puta e acolherás
Em tua casa aqueles de quem vais sentir
A culpa que não reconhecem. Eva,
Digo-te que um dia as tuas mãos
Irão segurar outros frutos, diferentes
Desse que colheste ainda agora
Daquela árvore e me apresentas sem
A sombra do medo, sem a violência
Do desejo dos corpos. Somos ambos
Da mesma cor do chão que calcamos, Eva.
Temos a nudez solta e olhos
Que quando se fecham podem ver mais longe.
Nada nos falta sendo iguais. Nem sei
Como te antevejo recolhida, escondendo,
Mulher, o peito, as nádegas, o rosto.
Ainda não reconheço em ti a folha
A ocultar-te o sexo, a fome de seres
Outra sendo tu. Renascerás
Das águas, soprada pelo vento
Até à margem, a perpetuar a beleza
Arrumada em códigos; posarás
Com Jeff Koons, brilhando desafogada
E limpa na aparência de novos
Dias. Eva, mulher de mim, da mesma
Humanidade que eu, homem, de ti,
Semelhantes corpos, fragilidade
Neste abismo ou paraíso.
(in Flanzine, 14 - Dezembro de 2016)

Yi-huá

domingo, 11 de março de 2018

domingo, 11 de março de 2018
"torna-se impossível caminhar ao fim do mundo
quando há sempre algo na fronteira;
nenhuma vida se estende à terra inteira,
nenhuma terra revolta é a mãe de tudo"
Cânone Médio de Yi-huá, tomo VII, livro 52, versos 9-12
via LEANDRO DURAZZO

''sotaque divino''

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Hemmet (Home), Solveig Nordlund, 1982


tem sotaque divino
a única poesia que frequento
sou íntimo dos deuses
sei o que digo
não o que escrevo
a verdade tem um cheiro
que não engana
chamar-se-ia senão mentira
a poesia
RAMIRO S. OSÓRIO
(de ‘Ao Largo de Delos’, Companhia das Ilhas, 2018)

Canção da Atenção

sábado, 17 de fevereiro de 2018

sábado, 17 de fevereiro de 2018

O cheiro do ralo
Quando as coisas curiosamente se tornarem tortas, estranhas, fora do lugar como uma foca albina, não sinta pena de si mesmo, nem de nada, nem de voo. Quando as coisas se esquecerem delas próprias, não se esqueça. Se alguma coisa for engano, se algum engano for a coisa, o meio termo de tua vida não deve te deixar de cama. A um nível cósmico tua vida não importa. A um nível micro, há mais coisas a fazer. O teu pequeno incômodo não se encontra nem na alta nebulosa nem na urgência do banheiro, na pequenez do ralo entupido, da banheira. Confie que o universo sabe tomar conta de si. Quando tua meia vida parecer errada, faça o que é preciso fazer, dê atenção ao que precisa ser atentado. Ajoelhe-se e limpe o ralo. Não há qualquer razão para tua mente estar em outro lado, em outro estado. Se a água não escoa mais, se é de limpeza que ali precisa, chegue lá, faça aquilo. De joelhos nos ladrilhos, com as mãos - de preferência -, seja a limpeza. Ouça as nebulosas longe se movendo, ouça estrelas, olhe a água suja a ser sugada novamente. Se o ralo entope, limpe-o. Não há qualquer razão que te autorize a não fazê-lo.
Leandro Durazzo

... in the presence of a human being.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

sábado, 10 de fevereiro de 2018
A Ghost Story, David Lowery, 2017

In solitude we are in the presence of mere matter (even the sky, the stars, the moon, trees in blossom), things of less value (perhaps) than a human spirit. Its value lies in the greater possibility of attention. If we could be attentive to the same degree in the presence of a human being.
SIMONE WEIL

Porque aqueles que nos dão o fogo celeste, / Os deuses, também nos dão a dor sagrada.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Terra natal 

Hölderlin


Alegre regressa o marujo ao rio tranquilo,
De longínquas ilhas, quando colheu seu lucro;
Também eu voltaria assim à terra natal, tivesse eu
Tantos bens colhido como dores colhi.
Ribeiras queridas, que outrora me criastes,
Acalmais vós as dores do amor? Prometeis-me vós,
Bosques da minha juventude, se eu
Voltar, mais uma vez repouso?
Junto ao regato fresco, onde vi brincar as ondas,
Junto ao rio, onde vi singrar os barcos,
Em breve eu estarei; a vós, montes amigos
Que outrora me abrigastes, da minha terra
Seguras fronteiras veneradas, à casa materna
E aos abraços dos irmãos amado,
A todos saúdo em breve, e vós me envolvereis,
Que, como em faixas, o coração me sare,
Ó meus fiéis! Mas eu sei, eu sei,
A dor do amor, essa não cura tão breve,
Essa não me afasta do peito
Nenhuma canção de embalo, que mortais cantem.
Porque aqueles que nos dão o fogo celeste,
Os deuses, também nos dão a dor sagrada.
Por isso esta fique. Filho da terra
Pareço eu: feito para amar, para sofrer.
Obras Completas II, Fundação Calouste Gulbenkian, 1997
tradução de Paulo Quintela

Porém, isso não me impediu de ver plêiades / cada vez que surgias



Provavelmente noutro tempo, 

noutras circunstâncias. Daniel Jonas


Provavelmente noutro tempo, noutras circunstâncias
chegaríamos a iguais resultados
pelo que de nada adianta imaginar um almagesto
ou tabelas de paralaxe para isto
a que convencionalmente chamamos amor,
nem calcular o ângulo
entre nós e o centro da terra,
de nada nos aproveitara, tu e eu
centros escorraçados de irregular gravitação.

Porém, isso não me impediu de ver plêiades
cada vez que surgias (só
não te dizia nada) plêiades iluminando
meu Hades
com suas cabrinhas coruscantes
pascendo
o vale da sombra da morte.

E a questão hoje é: who’s gonna drive you home tonight?
quando o melancólico transístor
destila também outras perguntas, mas nenhuma
tão dura quanto essa,
por exemplo: porque é que a água tem mais tendência
a subir em tubos estreitos
ao contrário do mercúrio?
Isto é view-master e são coisas que faço
na tua ausência.

Daniel Jonas
Os fantasmas inquilinos, Livros Cotovia, 2005

Deixámos a transparência / Ser do tamanho daquilo / Que vimos reflectido

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Quanto não teríamos dito

Se não fossem essas janelas,
Altas, de onde pudemos ver
Os espaços abandonados
Da nossa existência.

Quanta não seria
A ausência sem esses vidros
A deixar ver a desolação
Depois posta à prova
E ocupada com traços

Feitos por dedos ondulantes e
Com ervas rasteiras e cheirosas.
Deixámos a transparência
Ser do tamanho daquilo
Que vimos reflectido

Na superfície
Dos nossos olhos, no brilho
Da boca enquanto dizia
As palavras de uma infância
De agora com os pés descalços.


Rui Almeida, in A Pedra Não Pode Ser Coração, do lado esquerdo, Setembro de 2017, p. 40.

Vida e Ventura.

''Voltei a ser boa e não ouvirei aqueles diabos interiores. Pode censurar-me por ser infeliz às vezes,  por só ver de longe o que me é vida e ventura? Mas juro que serei um modelo exemplar de paciência e brandura.''
Rosa Luxemburgo, Margarethe Von Trotta, 1986

“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço."

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018


“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço. Nós experimentamo-nos, aos nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica da nossa consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos desta prisão ampliando o nosso círculo de compreensão e de compaixão de modo a que abranja todas as criaturas vivas e o todo da Natureza na sua beleza”
~ Einstein, The Expanded Quotable Einstein, Princeton University Press, 2000, p.316.

Alessandra Sanguinetti

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
via Paulo Borges

''A pele é a verdadeira linha do horizonte, cuja verdade é não existir.'' Paulo Borges

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

{o inferno das coisas inventadas}

(...)
Como quem força a mão de um deus,
vivo debruçado em poços a escutar
os céus, raízes ardentes, altas caçadas
a poeira que mais alto se levanta, e dentro
o inferno das coisas inventadas,
de mãos juntas, umas vezes suplico
um tremor que possa apaziguar-me,
outras cuspo nelas três vezes
como um velho soldado,
e sigo em direcção ao desconhecido
sabendo que tragédia nenhuma
me encheria hoje as medidas.

Diogo Vaz Pinto

''a imagem é uma destilação da coisa representada.''


''o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.''

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
1)
18 Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. 
19 Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. 
20 Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? 
21 Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. 
(...)
27 Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; 
28 E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; 

2) 
12 Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. 
13 As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. 
14 Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e näo pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 
15 Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. 
16 Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.


1 ª EPÍSTOLA DE S. PAULO AOS CORÍNTIOS  

''...coisa nímia, fútil, banal...''

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
Todos nós, todos temos uma hora cobarde,
uma hora de tédio ao morrer da tarde.

Quando parte o amigo que nos dá calor,
o amigo de ouro, o Mago Criador.

Quando se juntam as más impressões
e a alma é um tecido de finíssimas asas.

Quando pode dizer-se: o que foi já não será,
o que hoje não fiz nunca mais o farei.

É então, cobarde, que me acossa o desejo de não ser
e nem penso, nem trabalho, nem creio.

É uma completa nulidade de mim mesma
que me assusta e me fere, me subjuga e me espanta.

É então que eu gostaria de ser assim,
coisa nímia, fútil, banal.

Um brinquedo que se guarda no bolso,
uma jóia qualquer, um anel, um relógio...

Ser uma coisa morta que se leva às costas,
que não sabe nada, que não pensa em nada.

Todos nós, todos temos uma hora cobarde,
uma hora de tédio ao morrer da tarde.

 - Alfonsina Storni

''No mesmo passo leve-simples em que as palavras foram dispensadas''

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

«Banho na primeira experiência violenta do que eu sou, ao fim de contas certas. Cada movimento me aproxima implacavelmente do meu centro – subir crescente da tensão a dois em que me alteio. Novo vislumbre: eu-mesmo não é, nem pode ser, eu-só. Pois foi de aberto a quem se abria a mim que inaugurei esta isenção da gravidade. No mesmo passo leve-simples em que as palavras foram dispensadas, descubro o fulcro do maior segredo: o oceano oculto onde o que eu sou é outrem, porque é. E embora cada vez mais ancoradamente imóvel no estrebucho, sinto que vou na onda com à-vontades de robalo.» 
(Nuno Bragança, A Noite e o Riso)

"um homem é uma máquina poética que morre sozinha" Pedro Tiago

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

MATAR UM HOMEM
Quando, aqui há uns anos, me perguntaram se era capaz de matar um homem, respondi que sim, mas, na verdade, se me perguntassem isso hoje, penso que responderia o contrário.
A verdade é que já matei homens pelo caminho. A alguns retirei os olhos, tendo-os, depois, guardado numa caixinha de madeira vermelha sob a cama, em cima de um tapete velho. Julgo, com base num conhecimento livresco, e não empírico, que já não existam, só a caixa, talvez apenas com um muco estranho a empapá-la, ou uma secura extrema de cheiro a corpos mortos, quando a abrirem. Mas isto, como quase tudo, não vem ao caso, vem apenas ao texto, num fluxo absurdo através do qual o autor, que temo realmente ser 'eu', nos leva.
Sei que era incapaz de matar um homem, resumindo, que é o que importa, e não interessando os homens que matei entretanto, que isso, diga-se, foi outra pessoa, perdida numa estase, qualquer, numa onda de tempo que ficou congelada, como se numa fotografia, a perpetuar um gesto, (de assassinato, porque não?), ao longo da eternidade. Ou seja, o que se passa é que este 'eu', com todo o peso, certamente, de todos os outros anteriores, não era capaz de matar um homem. Aliás: não 'é' capaz de matar um homem. Porque sabe que um homem é uma máquina poética que morre sozinha.
(primeiro poema de 'O comportamento das paisagens', Artefacto Edições, 2011)

JUNHO
não é tempo para pés nem para pernas e não é tempo
para os outros (quem são os outros?)
tudo arde em itálico, no terraço, duas pessoas perguntam
coisas, uma responde; uma é hiperactiva, outra tem
dislexia, a terceira sofre de anorexia nervosa. todas
pensam em línguas dentro da boca, as línguas ocupam
demasiado espaço, dentro das cabeças, mais do que se
julga. mãos nos parapeitos, pés dentro de chinelos,
a língua dentro da boca, enjaulada nos dentes.
não é tempo para poesia nem para palavras, é tempo
para dormir.
(primeiro poema de 'a lonely gigolo', do lado esquerdo, 2018)

céu de bolso.

sábado, 13 de janeiro de 2018

sábado, 13 de janeiro de 2018
VIA RAQUEL NOBRE GUERRA

''o horizonte em chamas nomeia a solidão''

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
George Friederic Handel: La Paix, de Music for the Royal Fireworks

Amadeu Baptista


Há uma curta distância entre o céu
e a terra,
eu posso imaginar as aves inquietas,
o que passa é forte
como um remo abrindo as águas
e a imagem do homem.

Deste lado da luz
o horizonte em chamas
nomeia a solidão,
é grande o ar,
a justa participação do que redime
pelo precário poder
dos deuses,
a chama ilesa.

É do fogo que chega
este mistério,
pelo inefável arde,
o eterno sopro em pedra
e o som
- a paz do mar.


em O Bosque Cintilante, Azeitão: Juntas de Freguesia de S. Lourenço e S. Simão, 1ª edição, 2007, p.34.

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