Quanto não teríamos dito
Se não fossem essas janelas,
Altas, de onde pudemos ver
Os espaços abandonados
Da nossa existência.
Quanta não seria
A ausência sem esses vidros
A deixar ver a desolação
Depois posta à prova
E ocupada com traços
Feitos por dedos ondulantes e
Com ervas rasteiras e cheirosas.
Deixámos a transparência
Ser do tamanho daquilo
Que vimos reflectido
Na superfície
Dos nossos olhos, no brilho
Da boca enquanto dizia
As palavras de uma infância
De agora com os pés descalços.
Altas, de onde pudemos ver
Os espaços abandonados
Da nossa existência.
Quanta não seria
A ausência sem esses vidros
A deixar ver a desolação
Depois posta à prova
E ocupada com traços
Feitos por dedos ondulantes e
Com ervas rasteiras e cheirosas.
Deixámos a transparência
Ser do tamanho daquilo
Que vimos reflectido
Na superfície
Dos nossos olhos, no brilho
Da boca enquanto dizia
As palavras de uma infância
De agora com os pés descalços.
Rui Almeida, in A Pedra Não Pode Ser Coração, do lado esquerdo, Setembro de 2017, p. 40.
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