«Banho na primeira experiência violenta do que eu sou, ao fim de contas certas. Cada movimento me aproxima implacavelmente do meu centro – subir crescente da tensão a dois em que me alteio. Novo vislumbre: eu-mesmo não é, nem pode ser, eu-só. Pois foi de aberto a quem se abria a mim que inaugurei esta isenção da gravidade. No mesmo passo leve-simples em que as palavras foram dispensadas, descubro o fulcro do maior segredo: o oceano oculto onde o que eu sou é outrem, porque é. E embora cada vez mais ancoradamente imóvel no estrebucho, sinto que vou na onda com à-vontades de robalo.»
(Nuno Bragança, A Noite e o Riso)
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