"If you find God, you get to keep him."
Philip K. Dick
a soleira da porta e o chuveiro ambos chovem
minha gata, escondida, gira de um lado a outro como se a vida fosse isso o pé de pitangueira toma um banho o pé de noni, as cenouras, abobrinhas e o cará também naufragam entre as formigas são três da tarde e é como se fosse ontem como se a vida de um lado a outro buscasse pouso não precisei ir à praia hoje o mar caiu
há uma finíssima camada de mundo
entre todos os mundos uma membrana que nos liga e nos separa uma estrada subterrâneos mar e ar por onde os guardiães nos guardam em todo silêncio fundo há um grito que espreita e em toda ciência, a suspeita não há separação senão aquela que junta um momento a outro de revê-la
(poema do poeta popular António Joaquim Lança
musicado e cantado por José Mário Branco no álbum Margem de Certa Maneira)
O sol, o sol - grande lucidez primordial
Rios, rios - o fluxo ininterrupto
Arcos-íris- grande beatitude em si mesma livre”
~ Uma canção de Nairátmyá, incarnada ausência de eu
via Paulo Borges
‘'O mundo define-se, antes de mais nada, pelo facto de ser um planeta, isto é, um corpo, ou melhor, um conjunto de corpos caracterizados por um movimento irregular e quase perpétuo: a palavra planeta provém da raiz grega planaomai, que significa “vagar, perder-se”. O mundo é o ser da metamorfose (…) a causa, a forma, a matéria da própria metamorfose e do seu movimento.’’ Emanuele Coccia
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“Todos os viventes são, de um certo modo, um mesmo corpo, uma mesma vida e um mesmo eu que continua a passar de forma em forma, de sujeito em sujeito, de existência em existência”
Emanuele COCCIA, Métamorphoses