''Todos que trabalhamos com o espírito sabemos que ter muita cabeça é um horror: o alimento do espírito é o fantasma, o seu combustível a pulsão de morte. Heidegger emitia um julgamento de valor terminal ao chamar a “separação” de dilaceramento, e nisso como em outras foi cristão, pois retoma a visão pessimista da Igreja em relação ao excesso de consciência do homem ( separação “do mundo”), expresso pelo mito do Paraíso perdido: o homem comeu da árvore do conhecimento e conheceu que morria; logo, passou a morrer. Mesmo me considerando hoje um profissional ( alguém que pode escrever sobre tudo o que quiser quando quiser), reconheço que meus melhores textos são frutos da angústia, da falta do anti-psicótico, de picos de baixa auto-estima. É assim: o buraco é nosso habitat, mas por bênção o texto escrito é o começo deste Outro que irá me salvar.''
Luiz Soares Júnior
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