ORDET, Carl T. Dreyer, 1955
"Ordet é um filme de actores, de grandes actores. Mas o que fica - outra vez - são os rostos deles, nunca este ou aquele aspecto particular da sua representação. Vendo Ordet percebemos o que Dreyer quis dizer quando disse que o rosto humano era o único solo que um cineasta deve deixar de explorar. "Vê-lo animado no interior e transfigurando-se em poesia". Tanto o rosto nobre de Mortem, como o rosto pequenino do alfaiate, tanto o rosto aberto de Karen como o rosto demente de Johannes. Ordet é o filme de corpos e de almas. (...) Quando o pastor, tentando reprimir a revolta de Mikkel, lhe diz que a alma de lugar já está junto de Deus, ouve como única resposta a frase a que não se pode objectar :"Não lhe amava apenas a alma, amava-lhe também o corpo." Por isso, Ordet é o filme da ressurreição."
João Bénard da Costa in Folhas da Cinemateca Portuguesa
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